Vários experimentos já foram feitos para verificar a existência de percepção nos bebês. E os mais comuns são realizados levando em consideração a sucção não nutritiva, como o modelo que segue:
A apresentação repetida de um determinado estímulo
provoca interesse na criança, o que se traduz por uma elevação da taxa de
sucção, seguida por uma diminuição. Quando a diminuição alcança uma taxa
determinada, intervém-se com um novo estímulo (diferente). Se essa nova
apresentação levar a um aumento notável da taxa de sucção (despertar da
atenção), considera-se que este estímulo foi discriminado do anterior.
Este modelo é amplamente utilizado na
investigação da percepção auditiva. Entretanto, o fato sobre o qual vale a pena
insistir é o fenômeno da habituação. O fato de uma criança habituar-se a
um estímulo, visual ou auditivo, e prestar atenção a ele, supõe que ela
memorizou determinadas características do estímulo e que, em conseqüência, ela
espera que as “coisas ocorram de uma certa maneira”.
O fenômeno da habituação pode, enfim, ser
considerado uma demonstração de que a criança de alguns meses já domina um
pré-requisito da linguagem: observar o que é insólito (informação nova) e
abandonar o que é habitual (informação dada).
Nas primeiras semanas de vida, a atenção
visual do bebê é errática e cambiante; constatou-se que, o que nesta fase
prende o olhar do bebê, refere-se ao movimento, ao brilho, à cor, ao contraste
ao som. Assim sendo; será que existe melhor estímulo do que o rosto humano?
Olhos que brilham e se mexem, contrastes de cor entre a pele e as
sombrancelhas, a linha que separa os cabelos da testa e olhos, a cabeça que se
move de mil maneiras e a boca que sorri e emite um som que pode ser considerado
com o mais harmonioso de todos da natureza: a voz!
Então, pode-se hipotetizar que
assim, como outras espécies geneticamente programadas para captar diferentes
tipos de sensações necessárias à sua sobrevivência, a criança nasce
“pré-conectada” para a interação social; esta mostra-se de importância capital
quando se procura compreender a aquisição de linguagem e dar-lhe um fundamento.
Texto adaptado do Livro:
A Linguagem da criança: Aspectos
normais e patológicos
Claude
Chevrie-Muller & Juan Narbona
2005,
Editora Artmed
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