11 de dezembro de 2012

Percepção visual e auditiva: considerações com Bebês


Vários experimentos já foram feitos para verificar a existência de percepção nos bebês. E os mais comuns são realizados levando em consideração a sucção não nutritiva, como o modelo que segue:

A apresentação repetida de um determinado estímulo provoca interesse na criança, o que se traduz por uma elevação da taxa de sucção, seguida por uma diminuição. Quando a diminuição alcança uma taxa determinada, intervém-se com um novo estímulo (diferente). Se essa nova apresentação levar a um aumento notável da taxa de sucção (despertar da atenção), considera-se que este estímulo foi discriminado do anterior.

Este modelo é amplamente utilizado na investigação da percepção auditiva. Entretanto, o fato sobre o qual vale a pena insistir é o fenômeno da habituação. O fato de uma criança habituar-se a um estímulo, visual ou auditivo, e prestar atenção a ele, supõe que ela memorizou determinadas características do estímulo e que, em conseqüência, ela espera que as “coisas ocorram de uma certa maneira”.
O fenômeno da habituação pode, enfim, ser considerado uma demonstração de que a criança de alguns meses já domina um pré-requisito da linguagem: observar o que é insólito (informação nova) e abandonar o que é habitual (informação dada).
Nas primeiras semanas de vida, a atenção visual do bebê é errática e cambiante; constatou-se que, o que nesta fase prende o olhar do bebê, refere-se ao movimento, ao brilho, à cor, ao contraste ao som. Assim sendo; será que existe melhor estímulo do que o rosto humano? Olhos que brilham e se mexem, contrastes de cor entre a pele e as sombrancelhas, a linha que separa os cabelos da testa e olhos, a cabeça que se move de mil maneiras e a boca que sorri e emite um som que pode ser considerado com o mais harmonioso de todos da natureza: a voz!
Então, pode-se hipotetizar que assim, como outras espécies geneticamente programadas para captar diferentes tipos de sensações necessárias à sua sobrevivência, a criança nasce “pré-conectada” para a interação social; esta mostra-se de importância capital quando se procura compreender a aquisição de linguagem e dar-lhe um fundamento.


Texto adaptado do Livro:
A Linguagem da criança: Aspectos normais e patológicos
Claude Chevrie-Muller & Juan Narbona
2005, Editora Artmed  

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