Durante 24
horas por dia somos expostos a várias informações auditivas e compete ao nosso
sistema auditivo identificar as mensagens que nos interessam, diminuindo ou
anulando as interferências que acabam dificultando o entendimento. Ao exercer
esta função, o nosso sistema auditivo coloca em uso, o que chamamos de
habilidades auditivas.
Existem várias
habilidades auditivas e dentre elas, podemos citar: a localização do som, a
compreensão da fala no ruído, a compreensão de uma mensagem (mesmo quando ela
está distorcida ou fragmentada), a capacidade para eleger estímulos
apresentados a uma orelha ignorando informações apresentadas à orelha oposta, o
reconhecimento de estímulos diferentes apresentados simultaneamente a ambas as
orelhas e a percepção de pequenas e rápidas mudanças nos estímulos sonoros como
a freqüência, a intensidade e a duração.
Dessa forma,
podemos dizer que além de identificarmos a presença dos sons, também estamos
processando cada um deles. Por isso, a avaliação do processamento auditivo é
diferente de uma avaliação de audição tradicional (avaliação audiológica).
Enquanto uma mede os níveis da audição, a outra avalia a forma como os sons são
interpretados quando ouvimos.
As informações
auditivas atingem o sistema nervoso numa sucessão muito rápida. O processamento
de cada uma delas deve ser feito em poucos milissegundos, para podermos
acompanhar o raciocínio. Assim, se perdermos alguma pista auditiva, por menor
que seja, podemos falhar na compreensão da mensagem, como é o caso da falha na
interpretação de piadas, duplos sentidos e ambigüidades.
Nos últimos 20
anos, houve um enorme avanço na área das neurociências e isso repercutiu num
melhor entendimento sobre o processamento auditivo. Junto a esses conhecimentos
que decodificam a informação auditiva, temos outras áreas que estão associadas
à leitura, escrita e linguagem, como as áreas fonológica, lexical e semântica, bem como as áreas que elaboram as respostas.
Assim, é preciso pensar no processamento das informações auditivas, sempre que
houver uma queixa na aprendizagem.
O
encaminhamento para a realização do Exame do Processamento Auditivo deve ser
feito para complementar a avaliação clínica fonoaudiológica e nortear a
terapêutica.
É de suma
importância o acompanhamento da família em casa e em outros ambientes,
proporcionando variedade de estímulos e vivências. No campo que concerne à
audição podemos orientar algumas atividades lúdicas para as crianças:
- · Proporcione vivencias auditivas ricas com exposição a sons variados (vídeos, instrumentos de bandinha, músicas de ritmos diferentes, sons ambientais e corporais)
- · Peça para a criança prestar atenção nos sons de olhos abertos, vendo as ações que o provocam e depois, para estimular, trabalhe com os mesmos sons, porém de olhos fechados e pedindo para que a criança os identifique.
- · Associe estes sons com outros parecidos, buscando uma maior expressividade oral e aumento de vocabulário.
- · Nomeie os sons conhecidos e outros não identificados prontamente fazendo uma associação com outros sons parecidos.
Bibliografia:
RAMOS, B D. But,
after all, why is it important to acess the auditory processing? Braz
J Otorhinolarygol. 79(5): 529, 2013.
SOUZA, M A et al. Ordenação temporal simples e localização Sonora:
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