20 de fevereiro de 2010

Compulsões, Obsessões e Autismo

Ao ler o livro “Autismo infantil – Novas tendências e perspectivas”, me deparei com conceitos e novos estudos importantes para serem compartilhados. Indiquei o livro, na seção “Estou lendo...”, e gostaria de compartilhar algumas informações sobre o capítulo: Compulsões, Obsessões e Autismo. Neste capítulo, o autor (César de Moraes - Psiquiatra) comenta que o conceito de obsessão é muito prevalente na literatura do autismo infantil, porém devemos ter cautela para usá-lo e explica: A obsessão está relacionada ao pensamento obsessivo, e para que possa existir, é preciso que a pessoa com tal comportamento saiba conceituar seus próprios estados mentais e os de outras pessoas. Outra característica essencial é que a pessoa deve tentar resistir ou tentar evitar tais pensamentos. Diante disto, fica claro que as defasagens na área da linguagem que as crianças autistas apresentam dificultam os relatos acerca deste assunto e torna o termo obsessão algumas vezes inadequado. Muitas vezes há uma certa confusão para diferenciar os dois termos (obsessão e compulsão) e outras vezes os mesmos termos são tratados como sinônimos. Na clínica, é preciso fircarmos atentos, pois no relato dos pais isso acontece muito e precisamos fazer perguntas mais específicas para que a gente consiga entender o padrão de comportamento que está sendo dito. O autor ressalta que os pais percebem que a criança pode estar apresentando alguma idéia obsessiva muito mais pelo padrão compulsivo ou repetitivo de comportamento (que é muito mais fácil de ser avaliado) do que por relatos de seus filhos. Ou seja, é mais compulsão do que obsessão. Por outro lado, o autor concorda que é extremamente perceptível, para quem trabalha com autismo, o caráter repetitivo e intrusivo de alguns de seus pensamentos. Assim, ele explica que tais pensamentos levam a um comportamento compulsivo e quando esta compulsão não é "obedecida" pode acarretar sinais claros de ansiedade e sofrimento. Ele cita várias pesquisas, entre elas uma interessante de McDougle e col (1995) com resultados da comparação de dois grupos: um de adultos com autismo e outro de adultos com TOC (transtorno obsessivo compulsivo). E como era de se esperar, os resultados são diferenciados na Síndrome de Asperguer. Entretanto, a maior parte das pesquisas citadas conclui que o termo compulsivo é mais apropriado. Ao terminar o capítulo, pude constatar que esse é um bom exemplo de como as dificuldades intelectuais e de comunicação interferem no processo de avaliação de uma criança. Mas ressalto, este capítulo tem informações científicas valiosas, aliás o livro todo é bom, vale a pena ler.

2 comentários:

  1. hola! Eu realmente gostei deste blog

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  2. Que bom!
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